domingo, 26 de novembro de 2017

Dieta do tipo sanguíneo: Mito ou Verdade ?

DIETA DO TIPO SANGUÍNEO: FACTO OU FICÇÃO?


5/30/2014


Dr. Michael Klaper*

A teoria da “dieta do tipo sanguíneo” tem conquistado a atenção generalizada do público desde o lançamento de “Eat Right For Your Type” de Peter J. D’Adamo, N. D. (G. P. Putnam’s Sons, New York, 1996). A premissa básica do livro – que os Tipo O são o tipo dominante, homens das cavernas, caçadores que requerem carne na dieta, os Tipo A são dóceis vegetarianos, e os Tipo B são omnívoros consumidores de lacticínios - tornou-se um manifesto alimentar para muitas pessoas. No entanto, a teoria da “dieta do tipo sanguíneo”, assim como o livro que a promove, apresenta muitos problemas que me impedem de basear seriamente qualquer das minhas escolhas alimentares nela.

O autor, D’Adamo sustenta grande parte desta teoria na acção das lectinas, que são proteínas que contêm açucares, que se encontram na superfície de certos alimentos, que podem fazer com que várias moléculas e alguns tipos de células se mantenham unidas. Ele culpa as lectinas por sérias perturbações por todo o corpo, desde a aglutinação das células do sangue, à cirrose e à insuficiência renal (página 24). Na Página 53, D’Adamo declara que, “…certos feijões e legumes, especialmente as lentilhas e o feijão vermelho, contêm lectinas que se depositam nos nossos tecidos musculares, tornando-os mais alcalinos e menos propensos para a actividade física.” Isto é uma acusação científica bastante séria, e um pensamento alarmante se você for do Tipo O – nomeadamente, ao ponto de (ver p. 328) a seguir a comer uma tigela de chili com feijão ou um estufado de lentilhas, as proteínas lectinas estarem a depositar-se nos seus músculos e a alterarem a sua função, a mudarem a sua acidez, e a diminuírem a sua capacidade para a acção física.

Se alguém vai fazer uma afirmação dessas – e publicá-la num livro destinado a estar na lista dos livros mais vendidos, com a intenção de mudar os hábitos alimentares de uma nação – eu julgo que o autor é obrigado a apresentar evidência científica sólida que suporte essa asserção. O autor D’Adamo repetidamente falha em fazê-lo, ao longo de todo o livro. Uma afirmação que vai potencialmente assustar milhões de leitores do Tipo O em relação a comerem feijões vermelhos, lentilhas e trigo, deveria estar sustentada por fotografias tiradas com um potente microscópio electrónico. Estas microfotografias mostrariam tecidos musculares colhidos por biopsia de pessoas do Tipo sanguíneo O, A, B, e AB depois de elas terem comido feijões vermelhos e/ou lentilhas. (A recolha de amostras de fibras musculares, de tecido adiposo, etc., é uma técnica comum, segura e praticamente indolor, conhecida por biopsia com “agulha fina”, e é realizada rotineiramente em voluntários pagos por investigadores de nutrição, de fisiologia do exercício, de farmacologia, do processo de envelhecimento, e de outras ciências.) As fotografias mostrariam claramente os depósitos de lectinas nos músculos das pessoas do Tipo sanguíneo O – e poucos ou nenhuns depósitos nas amostras de tecido dos músculos das pessoas do Tipo sanguíneo A. Se um autor não consegue apresentar uma prova como esta, ou citar claramente no texto as referências científicas onde outras pessoas demonstraram tal prova, a sua credibilidade, para mim, diminui gravemente. D’Adamo não apresenta fotografias nem estudos corroborantes para sustentar as suas especulações. Para fundamentar a afirmação de que as lectinas mudam os músculos, “tornando-os mais alcalinos e menos propensos para a actividade física,” o autor necessitaria de publicar a sua própria investigação ou de citar outros estudos científicos em que microeléctrodos minúsculos que medissem a acidez dentro das células tivessem sido introduzidos nos músculos de voluntários humanos pagos, de vários tipos sanguíneos. Todas as cobaias receberiam uma refeição de lentilhas e de feijões vermelhos, e uma mudança grandemente significativa para a alcalinidade seria observada nos músculos das cobaias do Tipo O. No entanto, tais estudos não foram citados ou apresentados. Se um autor não possui este tipo de prova, é responsável da sua parte fazer declarações que podem constranger milhões de pessoas a não comerem legumes ricos em proteína e fibras e outros alimentos potencialmente ricos? De facto, pode ser melhor para uma pessoa particular não comer um legume particular – mas a razão pela qual ele ou ela deve abster-se de o fazer deve ser devido a razões nutricionais/médicas sólidas – como verdadeiras alergias, colites, etc. – e não por causa do seu tipo sanguíneo ABO.

O livro de D’Adamo contém muitas afirmações cientificamente insatisfatórias, do tipo “um tamanho serve a todos”, como aquela da página 63, “O Tipo O não tolera produtos de trigo integral de todo.” Tal afirmação leva à questão, “O que ele quer dizer com ‘de todo’?” Será que as pessoas do Tipo O comem uma bolacha de trigo integral e caem no chão a agarrarem o abdómen e a vomitarem – ou pior ainda, sofrem uma lesão cerebral imediata por as suas células sanguíneas se aglutinarem em todo o seu cérebro? Quanto trigo pode um Tipo O comer antes de o seu sangue aglutinar? Um pão de hambúrguer? Um talharim?

Não estou a negar que muitas pessoas tenham problemas digestivos ou de outra natureza quando comem trigo. Têm, de facto, mas a razão é terem uma verdadeira alergia ao trigo, intolerância ao glúten, ou outro mecanismo verificável – não por causa de umas moléculas de açúcar e de proteína a colarem-se a partir da superfície dos seus glóbulos vermelhos. Como D’Adamo, eu admito que o trigo pode ser um alimento problemático para pessoas com colites, e frequentemente recomendo a sua exclusão da dieta. As lectinas até podem desempenhar um papel no processo inflamatório de algumas pessoas. No entanto, antes de alguém dizer a milhões de pessoas com o Tipo sanguíneo O para nunca comerem trigo integral – muitas que ao que parece não têm qualquer problema com trigo e que dependem dos pães como uma das principais fontes de energia e proteína – não se requer alguma prova científica convincente? Acho que o autor D’Adamo no mínimo deve aos seus leitores uma 
citação de texto com prova de suporte de que a disfunção do cólon provocada pelo trigo é uma doença própria dos Tipos O. Todavia, o seu texto é desprovido de citações científicas em nota de rodapé. Para me convencer, ele precisaria de me mostrar microfotografias do tecido intestinal de pessoas do Tipo O que tivessem comido recentemente trigo e que claramente tivessem evidência da aglutinação de lectina a entupir o funcionamento das suas células intestinais. Eu também precisaria de ver imagens dos tecidos colhidos por biopsia das pessoas dos Tipos A, B, e AB que recentemente tivessem ingerido trigo e cujas paredes intestinais apareçam sem lesões e muito menos sobrecarregadas com depósitos de lectinas que as dos do Tipo sanguíneo O. Tanto quanto sei, a inflamação do intestino, como a colite, a doença de Crohn, e as sensibilidades ao glúten, ocorrem em pessoas de todos os grupos sanguíneos, e não apenas nas do Tipo O – e D’Adamo não cita qualquer prova convincente em contrário.

O autor D’Adamo faz duas afirmações difíceis de acreditar a respeito dos produtos lácteos – uma que me fez duvidar dos seu entendimento de ciência básica, e outra que levanta preocupações acerca da segurança do seu conselho nutricional:

1) D’Adamo afirma na página 23 que, “Se uma pessoa com Tipo sanguíneo A o beber (o leite), o seu sistema irá começar imediatamente o processo de aglutinação de maneira a rejeitá-lo.” Se ele quer que eu acredite numa afirmação como essa, ele teria de me mostrar imagens de células sanguíneas do Tipo A debaixo de um microscópio aglutinando-se a seguir à pessoa beber leite, e em que se mostrasse as células sanguíneas do Tipo O e do Tipo B a não aglutinar. Novamente, ele não mostra tais fotos ou outra evidência credível do fenómeno. D’Adamo precisaria ainda de explicar porque é que as pessoas com o Tipo A que bebem leite (em quantidades por vezes enormes) não sofrem de derrames cerebrais e embolias à medida que o seu sangue aglutina por todo o seu sistema vascular. Ele não apresenta provas nem sequer explicações plausíveis para o mencionado em cima.

2) Uma afirmação que me causa grande preocupação em relação à segurança do conselho alimentar de D’Adamo surge na página 37, onde, apesar do conhecimento geral de que a maioria dos não caucasianos são intolerantes aos produtos lácteos devido ao normal desaparecimento das enzimas lactase nas suas células intestinais, D’Adamo recomenda que “os Tipo B de ascendência asiática podem precisar de incorporá-los (os produtos lácteos) mais devagar nas suas dietas à medida que se lhes ajustam os seus sistemas.” Isto parece ser um conselho estranho vindo de um autor que está a tentar melhorar a saúde intestinal do seu público. Receio que para muitos dos seus leitores que carecem de lactase e que de nada desconfiam, as consequências de seguirem tal recomendação serão severas crises de espasmos abdominais e diarreia.

Outra asserção neste livro que me faz não querer recomendá-lo aos meus pacientes está na página 53, onde o autor escreve que:

“Este problema, chamado hipotiroidismo, ocorre porque os Tipo O tendem a não produzir iodo suficiente.” A realidade é que o corpo não “produz” qualquer iodo, tal como não produz cálcio, magnésio, sódio, ou qualquer outro mineral. O iodo é um elemento halogéneo, relacionado com o cloro e com o bromo, que é tirado do solo e do mar pelas plantas – que são depois consumidas através da dieta. Preocupar dezenas de milhões de leitores do Tipo O dizendo-lhes que eles “podem não estar a produzir iodo suficiente” (coisa que ninguém faz) e que portanto correm risco de hipotiroidismo, não tem fundamento e, penso eu, é preocupar desnecessariamente. As causas de hipotiroidismo clínico são questões complexas, envolvendo provavelmente auto-imunidade e outros mecanismos de lesão do tecido da tiróide. Sugerir que comer carne vermelha e evitar trigo (uma “dieta do Tipo O”) irá ajudar a pessoa do Tipo O a “produzir iodo” não tem fundamento e pode não só suscitar falsas esperanças no leitor, como pode também aumentar o risco de doenças associadas à carne.

O que finalmente leva a teoria do “tipo sanguíneo” para além dos limites da credibilidade, para mim é o mecanismo primário de lesão fisiológica que D’Adamo postula – nomeadamente, de que as proteínas lectinas em certas comidas fazem a aglutinação sanguínea, em certas pessoas de tipos sanguíneos que são “não geneticamente/evolutivamente adequados” a comerem essas comidas. Este fenómeno que o autor propõe é muito sério – e potencialmente fatal. Aglutinação quer dizer que os glóbulos vermelhos na sua corrente sanguínea estão irreversivelmente a unir-se e a formar amontoados. Assim que se começam a juntar, não se voltam a separar. (Note que isso é muito diferente do empilhamento dos glóbulos vermelhos, também conhecido por formação de rouleaux – um fenómeno observado quando a superfície dos glóbulos vermelhos se cobre com gordura ou outras substâncias que as fazem ficar suficientemente pegajosas para aderirem temporária e reversivelmente às superfícies uns dos outros – mas não para ficarem permanentemente ligados através do entrelaçar irreversível de proteínas de superfície, que é o que acontece com a aglutinação.)

Ter o seu sangue aglutinado à medida que circula no seu corpo não conduz à boa saúde – ou, já agora, à sobrevivência a longo prazo. O que é assim tão mau em relação a estes pequenos amontoados de glóbulos vermelhos a navegarem através da corrente sanguínea? Os glóbulos vermelhos levam oxigénio às células de tecidos vitais como o cérebro, o coração e os rins. Para conseguirem entregar o oxigénio, os glóbulos vermelhos têm de fluir pelos mais minúsculos vasos sanguíneos – vasos capilares microscópicos tão estreitos que os glóbulos vermelhos têm de se alinhar numa única fila para passarem. Se os glóbulos vermelhos estão a ser aglutinados por lectinas (ou qualquer outra coisa), amontoados de glóbulos vermelhos irão entupir os vasos capilares e bloquear o fluxo sanguíneo. Assim, a corrente sanguínea vai ser impedida de entregar o seu carregamento de oxigénio e nutrientes que sustenta a vida, aos tecidos que são servidos por esses vasos capilares obstruídos. As células privadas de oxigénio ficam lesadas, e em breve morrem. (A morte das células chama-se “enfarte” do tecido.)

Visto que a maior parte das pessoas não sabem quais são os seus tipos de sangue (para não falar nas comidas que são “evolucionariamente inapropriadas” para elas comerem), é razoável assumir que na maior parte dos dias a maior parte das pessoas comem “comidas erradas” para o seu tipo de sangue (e.g., Tipos O a comerem trigo, Tipos A a comerem carne, etc.). Assim, de acordo com a teoria de D’Adamo, quase toda a gente experiencia repetidamente aguaceiros de glóbulos vermelhos aglutinados por toda a corrente sanguínea depois de quase todas as refeições – dia após dia, mês após mês, ano após ano. Se os leitos capilares vitais no seu coração, pulmões, rins, cérebro, olhos, e outros órgãos essenciais estão sujeitos a barragem atrás de barragem de glóbulos vermelhos aglutinados, no final eles começarão a entupir. Estas micro-áreas de reduzido fluxo sanguíneo iriam dar origem a áreas de dano e destruição dos tecidos, primeiro dispersas e em seguida mais concentradas - no final com muitos micro-enfartes espalhados ao longo destas estruturas vitais. Com o passar do tempo, o cérebro, o coração, os pulmões, os rins e as glândulas supra-renais iriam estar irreparavelmente cheios de cicatrizes e de tecido fibroso por causa destes processos - resultando na falha de múltiplos órgãos e em consequências fatais em milhões de pessoas. Tal síndroma, de insuficiências dos órgãos devido a micro-enfartes do cérebro, do coração, dos pulmões, dos rins e das glândulas supra-renais, originado por lectinas, seria bem conhecido pelos patologistas e por outros cientistas médicos. Não seria uma doença subtil. Nos textos de patologia, haveria descrições claras - completadas com fotografias tiradas por meio de microscópios ópticos de grande potência - dos danos causados pelos depósitos de lectinas e da aglutinação do sangue na maioria dos sistemas orgânicos mais importantes. A existência e complicação de tal doença tão espalhada seria de conhecimento tão comum entre os clínicos e os cientistas que estudam as células como a aterosclerose o é hoje. Sim, não tenho conhecimento de tais descrições na literatura de patologias. Nenhum patologista que eu conheça jamais mencionou o enfarte dos tecidos devido às aglutinações de glóbulos vermelhos originadas por lectinas como a causa de qualquer doença em humanos.

Achei especialmente perturbador em Eat Right for your Blood Type o retrato do autor D'Adamo das pessoas de convicção vegetariana. Ele diz aos Tipos O comedores de carne que eles têm uma "memória genética de força, resistência, confiança em si mesmos, ousadia, intuição, e optimismo inato...", "o epítome do foco, impulsão...", "robusto e forte, abastecido por uma dieta rica em proteína" (está ele a descrever uma "raça superior" de Tipos O?), enquanto pinta os "mais vegetarianos" Tipos A como submissos comedores de tofu, "biologicamente predispostos a doenças de coração, cancro e diabetes." (p. 97) Retrata os Tipo A com personalidades "... insuficientemente adaptadas para as intensas e pressionantes posições de chefia nas quais os Tipo O sobressaem" (p. 142), declarando que, em situações de pressão, as pessoas com o Tipo sanguíneo A "têm tendência a desenvencilhar-se" e a "ficar ansiosos e paranóicos, levando tudo pessoalmente." Finalmente, na página 143, ele sobrecarrega o grupo com a imagem negra de Adolph Hitler, "...uma personalidade Tipo A mutada." (Como é que ele sabe o tipo sanguíneo de Adolph Hitler?) O sistema de D'Adamo parece criar uma "astrologia do tipo sanguíneo" ("Qual é o teu tipo? O positivo? Eu sabia! Eu também sou!") que impõe estereótipos estranhos e limitativos a seres humanos muito complexos.
Na minha opinião, D'Adamo engendrou um conto de fadas evolutivo que deixa muitas questões por responder. O que é que ele exactamente está a propor que aconteceu aos caçadores-recolectores do Tipo O quando as pessoas do Tipo A começaram a cultivar trigo, cevada e outros cereais? As pessoas do Tipo O comem um bocado de cevada e caem por terra, impossibilitadas de trabalharem e de se reproduzirem? Eles nessa altura ficam belicosos e dão mocadas até à morte nos povos agrários porque as lectinas estão a coagular os seus intestinos? As mudanças genéticas para o Tipo sanguíneo A aparecem por magia precisamente antes de uma sociedade cultivar novos cereais (permitindo-lhes, em primeiro lugar comer os novos cereais), ou os Tipo sanguíneo A surgiram depois de os cereais estarem cultivados, enquanto que as pessoas com o Tipo O se extinguiram devido à aglutinação do seu sangue nos seus cérebros? E por que haveriam tantos Índios nativos da América do Norte, clássicos caçadores do Tipo O, dar-se ao incómodo de cultivar cereal rico em lectinas (milho)?

Se acha todas as questões anteriores tão inquietantes como eu acho, talvez você, também, quererá pensar com demora e profundamente, acerca de adoptar a dieta do "tipo sanguíneo" como seu guia para escolhas dietéticas para aumentar a saúde.


Tradução: Nuno Metello
Artigo traduzido e reproduzido com a permissão do autor.
Leia ainda:
Deirdre B. Williams, N.D. and John J. McMahon, N.D., “The Blood Type Diet: Latest Diet Scam”, http://www.vegsource.com/articles/blood_hype.htm
Investigadores da Universidade de Toronto deitam abaixo a teoria da dieta do tipo sanguíneo:http://news.utoronto.ca/popular-diet-theory-debunked
Vídeo do Dr. Michael Greger: Blood Type Diet Debunked


* O Dr. Michael Klaper graduou-se em 1972 pela Escola de Medicina da Universidade de Illinois, Chicago, fez estágio de medicina no Hospital Geral de Vancouver na Colômbia Britânica, Canadá, e ainda recebeu treino em cirurgia, anestesiologia, ortopedia e obstetrícia no Hospital Universitário da Universidade da Califórnia, em São Francisco. Ao longo da sua carreira foi percebendo que muitas das doenças dos seus pacientes (aterosclerose, alta pressão sanguínea, obesidade, diabetes, artrites, asma, etc.) estão ligadas (e são agravadas) pela dieta típica americana, o que o levou a estudar a fundo essa ligação. Quando os seus pacientes começaram a seguir os seus conselhos nutricionais (complementados com exercício e redução do stress), começaram a ficar mais esbeltos e energéticos, ao mesmo tempo que a pressão sanguínea e o colesterol regressavam aos níveis seguros. O Dr. Klaper é Director do Instituto de Educação Nutricional e Investigação, e membro da Associação Americana dos Estudantes de Medicina. Foi ainda consultor do projecto de nutrição da N.A.S.A. Participou nas series televisivas “Food for Thought” e “Diet for a New America”, e é autor dos livros “Pregnancy, Children, and the Vegan Diet” (1991) e “Vegan Nutrition: Pure and Simple” (1999), e do DVD “A Diet for All Reasons.”

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O mito da dieta do tipo sanguíneo





Não é raro encontrar alguém que diz que “adoraria ser vegetariano” mas “não pode porque tem sangue tipo O”. Vamos aos dados: a dieta do tipo sanguíneo foi desenvolvida baseada numa série de informações e estudos biológicos e antropológicos.

Dentro dessa teoria, cada tipo de sangue possui uma determinada carga genética, que influencia a forma como o corpo funciona. O sangue O corresponderia a um perfil carnívoro e a um organismo que necessita de carne diariamente para sobrevivência.

A teoria foi criticada desde o surgimento por usar métodos que não são aceitos cientificamente pra provar sua validade, mas até então ninguém tinha provado que ela de fato estava errada. O estudo publicado ano passado pela Universidade de Toronto*, porém, mudou essa realidade.

Cientistas entrevistaram detalhadamente cerca de 1500 pessoas quanto às suas dietas e procuraram correlacionar os dados com seu estado de saúde e seu tipo sanguíneo. Absolutamente nenhuma correlação foi encontrada. Nenhum indício, mesmo que vago, de que o tipo sanguíneo poderia interferir na forma como o organismo funciona e lida com os alimentos.

Nossas pesquisas mostram que a adesão à dieta do tipo sanguíneo em alguns casos está associada à bons parâmetros de saúde no espectro cardiometabólico em jovens adultos, mas não foram encontradas relação entre esses dados e o tipo sanguíneo dos grupos. Este é o primeiro estudo para examinar a associação entre a dieta do tipo sanguíneo e os parâmetros de saúde cardiometabólica, e as evidências não comprovaram a hipótese da dieta do tipo sanguíneo.

Tem gente por aí precisando mudar a desculpa…

* O artigo citado acima está em inglês e quem não entende pode ler aqui a reportagem sobre o estudo, em português.


Robson Fernando De Souza

Autor dos blogs Consciencia.blog.br e Veganagente e do livro Veganismo: as muitas razões para uma vida mais ética. Formado em Licenciatura em Ciências Sociais (UFPE, 2016) e Tecnologia em Gestão Ambiental (IFPE, 2008). Adora Sociologia, meio ambiente, Direitos Animais & Veganismo e autoajuda.

Fonte: Veganagente

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Dieta do tipo sanguíneo
Conceição Trucom 
Criada pelo médico americano Peter D'Adamo, esta dieta considera que cada tipo sangüíneo está mais adaptado para se beneficiar de certos alimentos, ao mesmo tempo são menos adaptados a outros alimentos. Para segui-la o praticante necessita usar as tabelas por ele criadas onde constam os alimentos permitidos (benéficos), proibidos (nocivos) e neutros para cada tipo sanguíneo.
Ela é relativamente fácil de ser seguida, desde que a pessoa não coma os alimentos inadequados ao seu tipo de sangue, o que não é necessariamente fácil e compreensível.
Tipo O - o mais antigo, sendo basicamente oscarnívoros com sistema digestivo adaptado para comer proteínas animais diariamente, caso contrário, podem desenvolver doenças gástricas devido a sua elevada produção de sucos gástricos.
Tipo A – são os mais adaptados ao vegetarianismo, com sistema digestivo mais sensível e dificuldades para digerir proteínas de origem animal, pois sua produção de suco gástrico é mais limitada.
Tipo B – o grupo dos nômades, associado a um sistema imunológico mais forte e sistema digestivo adaptável. É o único tipo sangüíneo que tolera bem o leite e seus derivados.
Tipo AB – o mais recente dos tipos sanguíneos, que teria evoluído a partir dos tipos A e B, portanto a sua dieta é baseada na mescla dos tipos A e B.
Conheça a listagem dos alimentos para cada tipo sanguíneo clicando aqui.
Desvantagem: esta dieta é mais uma novidade na esteira dos modismos e não garante uma alimentação equilibrada. Na há qualquer evidência científica que justifique recomendações deste tipo, inclusive porque ela apresenta mais exceções do que regras. Mais de 30% das pessoas que tiveram alguma experiência com esta dieta não apresentaram boas respostas.

* Conceição Trucom, é chef de culinária vegana crua. Autora dos livros: Cadê o leite que estava aqui?, O Poder de Cura da Linhaça, E se não houver alimento?, De Bem com a Natureza - cuidando do seu filho com a alimentação viva, Alimentação Desintoxicante, entre outros. 
Fonte: Doce Limão
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Dieta do tipo sanguíneo: a teoria não tem validade

Pesquisadores da Universidade de Toronto (Canadá) concluíram recentemente que a teoria por trás da dieta do tipo sanguíneo, que afirma que as necessidades nutricionais de um indivíduo variam de acordo com seu tipo sanguíneo, é falsa.

A dieta do tipo sanguíneo foi popularizada pelo livro “Eat Right for Your Type” (em português, “A Dieta Do Tipo Sanguíneo”), escrito pelo naturopata Peter D’Adamo. O livro foi um best-seller traduzido para 52 idiomas que vendeu mais de 7 milhões de cópias.
A teoria por trás da dieta do tipo sanguíneo

Essa dieta é baseada na teoria de que o tipo de sangue da pessoa deve coincidir com os hábitos alimentares dos nossos antepassados, e que as pessoas com diferentes tipos de sangue processam alimentos de forma diferente. Os indivíduos que aderirem a uma dieta específica para seu tipo sanguíneo supostamente podem melhorar sua saúde e diminuir o risco de doenças crônicas, como doença cardiovascular.

“Com base nos dados de 1.455 participantes do estudo, não encontramos nenhuma evidência para apoiar a teoria da dieta do tipo sanguíneo”, disse o principal autor da pesquisa, Dr. Ahmed El-Sohemy. “A forma como um indivíduo responde a qualquer uma dessas dietas não tem absolutamente nada a ver com o seu tipo de sangue e tem tudo a ver com a sua capacidade de manter uma dieta vegetariana ou pobre em carboidratos”.

Os pesquisadores descobriram que as associações observadas entre as dietas de cada um dos quatro tipos de sangue (A, B, AB, O) e os marcadores de saúde são independentes do tipo sanguíneo da pessoa.

Eles analisaram uma população formada em sua maior parte de adultos jovens e saudáveis, que forneceram informações detalhadas sobre suas dietas habituais e uma amostra de sangue, usada para isolar DNA e determinar o tipo sanguíneo e nível de fatores de risco cardiometabólico das pessoas, como a insulina, colesterol e triglicérides. Pontuações de dieta foram calculadas com base nos itens alimentares enumerados no livro para determinar a adesão em relação a cada um dos quatro regimes.


El-Sohemy diz que a anterior falta de evidência científica não significava que as dietas não funcionavam. “Apenas não havia nenhuma prova que dizia se elas eram eficazes ou não. Era uma hipótese intrigante, assim sentimos que devíamos colocá-la à prova. Podemos agora dizer com confiança que a teoria não é válida”, conclui. [MedicalXpress]


Fonte: Hyperscience

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Dieta de Tipo Sanguíneo? Como Funciona?
Juliano Pimentel, médico

A dieta do tipo sanguíneo, também conhecida como a dieta do grupo sanguíneo, foi popularizada por um médico naturopata chamado Dr. Peter D’Adamo no ano de 1996.

Seu livro, “Eat Right 4 Your Type”, foi incrivelmente bem sucedido. Foi best-seller do New York Times, vendeu milhões de cópias e ainda hoje é muito popular.

Neste livro, ele afirma que a dieta ideal para qualquer indivíduo depende do tipo de sangue ABO da pessoa. Ele afirma que cada tipo de sangue representa traços genéticos de nossos antepassados, incluindo qual dieta eles evoluíram para prosperar.

De maneira geral, esta é a alimentação ideal para cada tipo de sangue:

>> Tipo A: Chamado agrário, ou cultivador. As pessoas que são do tipo A devem comer uma dieta rica em plantas, e completamente livre de carne vermelha. Isso se assemelha a uma dieta vegetariana.

>> Tipo B: Chamado de nômade. Essas pessoas podem comer plantas e a maioria das carnes (exceto frango e carne de porco), e também podem consumir alguns laticínios. No entanto, eles devem evitar trigo, milho, lentilhas, tomates e alguns outros alimentos.

>> Tipo AB: O enigma. Descrito como uma mistura entre os tipos A e B. Os alimentos para comer incluem frutos do mar, tofu, laticínios, feijão e grãos. Eles devem evitar milho, carne e frango.

>> Tipo O: O caçador. Trata-se de uma dieta rica em proteínas, baseada principalmente na carne, peixe, aves, certas frutas e legumes, mas limitada em grãos, leguminosas e produtos lácteos. É muito parecido com a dieta paleo.

A grosso modo, qualquer um desses padrões dietéticos seria uma melhoria para a maioria das pessoas, não importa qual é o seu tipo de sangue.

Todas as 4 dietas (ou “maneiras de comer”) são na sua maioria baseados em alimentos saudáveis e reais, e um grande passo para se livrar da dieta padrão ocidental baseada em alimentos processados e açucarados.

Se você optar por qualquer uma destas dietas e sua saúde melhorar, não significa necessariamente que isso teve qualquer coisa fazer com seu tipo de sangue.

Talvez a razão para os benefícios de saúde é simplesmente que você está comendo alimentos mais saudáveis do que antes.

No entanto, é preciso também tomar cuidado com algumas restrições impostas pela dieta do tipo de sangue, que muitas vezes deixa de lado carnes perfeitamente saudáveis.
Lectinas E A Dieta Do Tipo Sanguíneo

Uma das teorias centrais da dieta do tipo de sangue tem a ver com proteínas chamadas lectinas.

As lectinas são uma família diversificada de proteínas que podem ligar moléculas de açúcar.

Estas substâncias são consideradas antinutrientes e podem ter efeitos negativos sobre o revestimento do intestino (1).

Alega-se que comer os tipos errados de lectinas pode levar à aglutinação (aglutinação) de glóbulos vermelhos.

Existe, na verdade, evidência de que uma pequena percentagem de lectinas presentes em leguminosas cruas, não cozidas, pode ter atividade aglutinadora específica para um determinado tipo de sangue.

Por exemplo, feijão-de-lima cru pode interagir apenas com os glóbulos vermelhos em pessoas com sangue do tipo A (2).

Em geral, no entanto, parece que a maioria das lectinas aglutinantes reagem com todos os tipos sanguíneos ABO (3). Em outras palavras, as lectinas na dieta não são específicas do tipo de sangue, com exceção de algumas variedades de leguminosas cruas.

Isso pode nem mesmo ter qualquer relevância no mundo real, porque a maioria das leguminosas são cozidas antes do consumo, o que destrói as lectinas prejudiciais (4, 5).


A Dieta Do Tipo Sanguíneo Funciona?

Não Há Evidências Da Ligação Entre Tipo Sanguíneo E A Alimentação

A pesquisa sobre os tipos de sangue ABO tem avançado rapidamente nos últimos anos e décadas.

Existe agora uma forte evidência de que as pessoas com certos tipos sanguíneos podem ter um risco maior ou menor de algumas doenças (6).

Por exemplo, o tipo Os tem um menor risco de doença cardíaca, mas um maior risco de úlceras estomacais (7, 8). No entanto, não há estudos mostrando que isso tenha nada a ver com dieta.

Em um grande estudo observacional feito com 1.455 adultos jovens, comer uma dieta tipo A (muitas frutas e legumes) foi associado com melhores marcadores de saúde. Mas esse efeito foi visto em todos que seguiram a dieta tipo A, não apenas indivíduos com sangue tipo A (9).

Em um grande estudo de revisão de 2013, em que os pesquisadores examinaram os dados de mais de mil estudos, não encontraram um único estudo bem planejado que analisasse os efeitos sobre a saúde da dieta do tipo sanguíneo (10).

Eles concluíram que não há evidência atualmente para validar os supostos benefícios para a saúde de dietas tipo de sangue. Dos 4 estudos identificados com a dieta do tipo sanguíneo, todos eles foram todos mal concebidos (11, 12, 13). Um dos estudos que encontrou uma relação entre tipos de sangue e alergias alimentares realmente contradiz as recomendações da dieta de tipo sanguíneo.

É possível experimentar resultados positivos seguindo a dieta do tipo de sangue. No entanto, isso não significa que isso está de alguma forma relacionado com o seu tipo de sangue.

Dietas diferentes funcionam para pessoas diferentes. Algumas pessoas se sentem bem comendo muitas plantas e pouca carne (como a dieta tipo A), enquanto outros prosperam comendo abundância de alimentos ricos em proteínas de origem animal (como a dieta tipo O).

Aqui eu faço duas ressalvas, cuidado para não restringir demais o seu consumo de nutrientes e sempre procure orientação médica antes de realizar mudanças importantes na sua alimentação.

Se você obteve grandes resultados sobre a dieta tipo de sangue, então talvez você simplesmente encontrou uma dieta que acontece de ser apropriado para o seu metabolismo. Pode não ter tido nada a ver com o seu tipo de sangue.

Além disso, esta dieta remove a maioria dos alimentos processados insalubres sua alimentação. Talvez esse seja o maior benefício dessa dieta do tipo sanguíneo.

De um ponto de vista científico, no entanto, a quantidade de evidências que suportam a dieta do tipo de sangue é particularmente insustentável. A dieta sanguínea foi muito popular anos atrás e ainda tem seus seguidores. E se você quer saber mais sobre a atual dieta queridinha do momento, a dieta dukan, preencha o formulário abaixo e saiba mais.

Como eu sempre digo, prefira a reeducação alimentar. E não dietas momentâneas. Mas mesmo que você consuma de vez em quando alguns alimentos naturais, isso não é bastante para garantir a boa saúde e prevenir doenças. Se você costuma comer alimentos industrializados e processados, está à um passo ver a sua saúde minguar aos poucos.

Esse é o momento de transformar a sua saúde de forma efetiva! Eu trago a revolução da saúde, um projeto que pretende mudar a cara da alimentação e da saúde no Brasil! Você, os seus filhos e toda a família merecem uma transformação na saúde que realmente seja eficaz!

* Juliano Pimentel é médico, fisioterapeuta e celíaco.

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